Se você pesquisar a palavra ‘tendência’ no google, provavelmente encontrará conteúdos sobre economia ou da área da moda, dois setores que são movidos pelas previsões de comportamento e de consumo, no contexto das ações de mercado ou naquilo que bombou nos últimos desfiles.
Na área da comunicação todo ano são divulgados relatórios de tendências que reúnem discussões sobre processos e fenômenos midiáticos que estão se consolidando, além de discussões sobre como nos comunicaremos em um futuro próximo, diante dos avanços tecnológicos para a produção, acesso e consumo de mídia.
Veja, por exemplo, o enorme debate em torno das possibilidades de aplicações do metaverso, assim como da criação e comercialização de NFTs e o início da quinta geração de internet móvel no Brasil, a conexão 5G, que por sinal, teve sua operação iniciada no país nesta semana, começando por em Brasília, e que permite a ultra velocidade de conexão e transmissão de dados.
Estes levantamentos geralmente são divulgados nos primeiros meses do ano. Neste mês de julho tive a oportunidade de rever alguns deles, em virtude do pós – encontro do curso Papo de Mídias, em treinamento com gestores da cooperativa Sicredi Ouro Verde, do Mato Grosso.
Foi interessante perceber que neste ano de 2022, ano considerado de retomada social, por causa da redução do número de casos da COVID-19, muitas das tendências de mídias discutidas nos relatórios foram bem além dos debates sobre os avanços das tecnologias e das plataformas digitais.
Alguns insights das tendências de mídias 2022
Houve muita discussão reforçando as habilidades básicas de comunicação interpessoal, como a importância do resgate da escuta ativa, da comunicação humanizada, o reconhecimento de conflitos e preconceitos antes velados nos ambientes de trabalho, bem como o uso e a divulgação de informações verificadas, além da habilidade de se comunicar por vídeos e a comunicação para negócios com foco na colaboração, através de parceria entre marcas de segmentos diferentes e collabs de conteúdos em multicanais.
Estes assuntos também apareceram em mesas e palestras nos big festivais mundiais de criatividade, comunicação digital e cinema, como o SXSW, o CANNES LION e a VIDCON (que já citei aqui em um post anterior), encontros que tem uma pegada de mercado muito forte, reverberam analises de marcas, pesquisas acadêmicas e acabam por isso, pautando muitas das demais discussões ao longo do ano.
No âmbito da comunicação organizacional, a otimização da comunicação interna, assim como a digitalização de informações foram destaques das tendências apontadas pela ABERJE, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, que também reforçou neste ano a importância do debate em torno de um olhar personalizado da marca em busca de promover a diversidade e inclusão entre colaboradores e clientes.
Consumo e produção de vídeos curtos
O consumo de vídeos curtos é outra tendência de mídia que vem se consolidando e deverá crescer com a chegada do 5G. Os vídeos curtos já são os mais vistos em todas as gerações sociais, Ger Z, Millenials, Ger X e Boomers, em relação aos vídeos de 4 a 20 minutos e os longos, com mais de 20 minutos, segundo dados da pesquisa divulgada este ano pela Global Web Index – GWI. Em 2021, o relatório da Kantar Ibope Media, já trazia que no Brasil 99% dos usuários de internet assistem vídeos, em diferentes telas e dispositivos.
E aqui é importante ressaltar que o consumo de vídeos médios e longos também estão em alta e devem fazer parte da estratégia de produção de conteúdos digitais, principalmente levando-se em consideração as diferentes etapas do consumidor em sua jornada com a marca, ou seja, cada formato tem a sua função, para o posicionamento do profissional ou do negócio e seu relacionamento com o público.
As redes sociais como fontes primárias de notícias
Outra tendência de mídia que vem se tornando realidade, sobretudo entre o público mais jovem, é o uso das redes sociais como fontes primárias de notícias. A pesquisa da Digital News Report, que rastreia as principais fontes de notícias, apontou neste ano que 39% dos nativos digitais, pessoas entre 18 e 24 anos, em 12 mercados avaliados, usam as redes sociais como sua principal fonte de notícias.
Esta pesquisa está bem relatada no ótimo artigo da colunista Januária Cristina Alves, no jornal Nexo, que super indico a leitura. O relatório da DNR confirma a tendência do jovem privilegiar informações em áudio e vídeo, em redes como o Spotify, Tiktok, Instagram e Youtube. Um movimento que aos poucos também está sendo adotado por pessoas de outras gerações. No Brasil, 64% do público afirma receber notícias pelas plataformas, sendo o youtube a principal delas (43%), em segundo lugar o whatsapp (41%) e na terceira posição (40%).
Se por um lado, esses fenômenos de consumo midiático impactam diretamente nas estratégias de produção dos veículos de comunicação (e vamos aprofundar este tema em outro post), do ponto de vista das marcas, mais do que nunca, se faz necessário o planejamento de comunicação que priorize informações verificadas, um olhar mais atento para as possibilidades de trabalhos com influenciadores digitais, a capacitação de líderes e colaboradores para a comunicação por vídeos, com a formação de influenciadores digitais corporativos, assim como o enfrentamento de assuntos delicados (conflitos, falta de diversidade e todos os tipos de preconceitos) que exigem, acima de tudo, o reconhecimento de que precisamos usar os benefícios das tecnologias para gerar mais humanidade, empatia e credibilidade. Curtiu? Compartilha! Até breve!